Paula Fernandes se mostra como você nunca viu! Sem figurinos teatrais, sem paisagens bucólicas, sem cores do mato. Despida de personagem e totalmente transparente, enfatizando sua voz, violão e música, muita música, “Amanhecer Ao Vivo” revela a atual fase da cantora mineira, que, depois de 24 anos decarreira, amadureceu na frente do público e pode-se mostrar hoje sem firulas, com leveza, verdade e muito dona de si.

“Paula Fernandes tinha oito anos quando aprendeu a canção “Desculpe, mas eu vou chorar”, hit da então dupla Leandro & Leonardo. Meio do nada começou a cantá-la. Vivia com os pais e o irmão em Sete Lagoas, Minas Gerais. A mãe, Dulce, trabalhando sem parar na mercearia da família, não tinha tempo para ouvir a filha cantar. Foram três dias até que Paula a convencesse a ouvir sua versão para “Desculpe, mas eu vou chorar”. Foi tiro e queda. A mãe se surpreendeu com o talento da filha e, a partir deste momento, Paula nunca não mais parou.

Somente agora, aos 32 anos, 14 álbuns lançados (um LP, nove CDs e quatro DVDs) e mais de 4,7 milhões de cópias ajustadas vendidas (entre físico e digital), é que Paula Fernandes pode retornar a este passado tão distante. Com segurança e maturidade. Paula gravou, pela primeira vez, aquela música que a fez descobrir um mundo inteiro. “Desculpe, mas eu vou chorar” (César Augusto e Gabriel) está ao lado de outro clássico do sertanejo moderno, “Nuvem de lágrimas” (Debétio e Paulinho Rezende), em seu novo show.

Os dois registros estão entre os mais impactantes do CD e DVD “Amanhecer Ao Vivo”, novo trabalho da cantora e compositora. “Consegui uma unidade muito importante nesse disco que reflete o momento de minha vida. Sou muito de seguir o fluxo da vida”, conta ela.

No repertório – o CD conta com 16 faixas e o DVD, com 24 – canções que dialogam com o passado, o presente e o futuro. “Me sinto mais inteira neste trabalho. Ele retrata meu momento de vida. Acho que é resultado de tantos sacrifícios, dificuldades, barreiras ultrapassadas com garra, esforço e honestidade. A própria natureza me torna mais preparada para tudo”, acrescenta.

Como está sendo lançado um ano depois de “Amanhecer”, seu mais recente álbum de estúdio, canções preferidas dos fãs deste último disco não ficaram de fora. Entre as oito de “Amanhecer”, estão “Pedaço de chão”, composta com Victor (da dupla Victor & Leo), parceiro de longa data, além de “Pronta pra você”, “A paz desse amor”, “Depende da gente” (https://youtu.be/U1VDmhxhTKU), “Piração”, “E eu?”, “Menino bonito” e a faixa-título. Sucessos de outros discos também podem ser ouvidos nesta versão ao vivo, como “Pássaro de Fogo” e “Sensações”.

Há ainda material inédito, “canções que estavam pedindo oportunidade há muito tempo”, ela conta. São elas “Olhos de céu” (o primeiro single: https://www.youtube.com/watch?v=KVYNFlb5xrA), “Eu vim te ver”, “Passarela do amor” e “Palavra errada”. “‘Passarela’, por exemplo, nasceu quando havia finalizado ‘Amanhecer’. Fiquei com muito pesar de não ter mais tempo para incluí-la”, lembra. A hora não poderia ser mais apropriada.

Segura na carreira e na vida, Paula traduz este momento no palco. O show em que CD e DVD foram gravados – em abril de 2016 no Citibank Hall, em São Paulo – mostra a transformação. O figurino todo preto não tem nada da brejeirice de outros tempos. “Às vezes ficamos muito apegados às cores. Os meus shows eram muito teatrais, ficava ligada à menininha, à cancioneira. O preto permite que a nossa luz apareça. Simples e sofisticado, realçou a beleza que vem de dentro. O figurino é fatal, ousado”, define Paula que muda de roupa três vezes.

Ela começa com um macaquinho, depois muda para calça e blusa rendada e, por último, blusa e saia. Tudo de acordo com o clima do espetáculo, dividido em três momentos: noite, madrugada e amanhecer. “O cenário é incrível. É grande, mas simples, minimalista. O LED é funcional com a possibilidade de utilização de elementos orgânicos que eu gosto tanto”.

Ainda que olhe para frente, Paula Fernandes não deixa o passado de lado. Não resistiu e se deixou levar pela emoção quando Sandy subiu ao palco para dividir com ela os vocais em “Sensações”. “Foi difícil segurar. Sou fã, cresci vendo Sandy & Junior. Antes do show, ela foi ao camarim, agradeceu imensamente o convite e perguntou: ‘E aí, como vai ser esse negócio?”.

Foi do diretor Raoni Carneiro a ideia de que as duas se encontrassem apenas no palco, sem ensaios prévios. “Ele preferiu deixar a emoção para o momento e conseguiu. Imagine a situação. Eu perfeccionista, ela perfeccionista”, sugere a artista.

Paula diz ainda que a escolha pelo cantor espanhol Pablo Lopez foi sugestão dela. “Não convido ninguém só pelo sucesso do momento. Seria forçação de barra e meus fãs perceberiam”. Na verdade, Pablo é quem é fã da cantora mineira. Quando se apresentou em Madri ao lado de Alejandro Sanz na gravação do DVD dele, Paula foi apresentada a Pablo. Este já chegou dizendo que ouvia as músicas dela. “E eu não conhecia nada dele, que já concorreu ao Grammy”, recorda. A admiração foi recíproca e lá mesmo surgiu a ideia de um trabalho juntos. “Nossa parceria apenas começou”, adianta ela. Mas como Pablo estava sem agenda para vir ao Brasil, a solução encontrada foi exibir a participação dele em um telão.

WhatsApp chat