A evolução sustentável da Construção Civil e as boas práticas de responsabilidade ambiental da Dexco

*Por Antonio Joaquim de Oliveira

O olhar sustentável para a construção civil já faz parte da lista de prioridades de construtoras, indústria de materiais e acabamentos, e dos consumidores no Brasil e no mundo. Cada vez mais, empreendimentos optam pela captação de água da chuva, energia e aquecimento solar e materiais, como a madeira engenheira da, que visam minimizar o impacto ambiental dos edifícios, melhorarem sua eficiência energética, hídrica e qualidade ambiental interna.

Mas nem sempre foi assim. Essa mudança de mentalidade veio com o passar dos anos e, felizmente, vemos uma evolução. Em nosso país, o que sempre predominou foram projetos e obras com poucos traços de preocupação com a cidade ao redor e com o impacto ambiental de longo prazo.

Com o tempo, começamos a presenciar o surgimento de empreendimentos que reúnem essas características sustentáveis, inclusive que se preocupam com a sustentabilidade ambiental antes, durante e depois da obra. Acredito que esse cuidado deve se tornar um compromisso no presente e futuro. Para isso, precisamos de informação e muita atenção ao assunto. Boas práticas no setor significam unidades residenciais mais inteligentes e cidades melhores para viver do que temos hoje no Brasil. 

Globalmente, o setor da construção civil responde por 37% das emissões de CO2 e se estima que aproximadamente 40% dos resíduos sólidos gerados mundialmente estejam relacionados às atividades de construção. Por isso, é imperativo transformar os métodos de construção para mitigar impactos e, também, contribuirmos com as metas do Acordo de Paris, que prevê manter o aquecimento global em no máximo 2°C até o fim do século.

Apesar do tanto que já evoluímos, no Brasil a falta de treinamento e qualificação profissional aparece como o principal gargalo para a evolução dos métodos sustentáveis, em uma pesquisa mundial produzida pelo grupo francês Saint-Gobain. Enquanto que para a maioria global (70% dos entrevistados) os custos são apontados como o principal obstáculo. Os próximos anos serão cruciais para garantirmos a inclusão bem-sucedida dos profissionais nessa transformação setorial.

No Brasil, o financiamento para adoção desses métodos também é considerado uma barreira a ser superada, mesmo que a previsão do setor de construção seja de investir R$ 2,7 trilhões até 2023, segundo a consultoria Deloitte. Anualmente, o setor movimenta R$ 377,8 bilhões, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O que define uma construção sustentável?

Por definição, para fabricar construções sustentáveis, as empresas devem modernizar processos. No planejamento e durante a obra, é preciso reduzir desperdícios, preservar árvores e solo permeável, aumentar a eficiência no uso de água e energia, usar os materiais mais adequados a cada situação, destinar resíduos corretamente, minimizar impactos para o entorno. Depois disso, a obra pronta deve ser segura, confortável, eficiente e não agredir o restante da cidade (por seus efeitos como ruídos, sombra, impermeabilização do solo e influência no trânsito).

O conceito abrange desde a engenharia e arquitetura, escolhendo materiais e usando sol e vento para aquecimento e refrigeração, por exemplo, ao mercado de casas pré-fabricadas, que usa menos material para construir residências eficientes e confortáveis. A lista de possibilidades engloba ainda práticas como engenharia verde e impressão 3D.

Na visão da Dexco, empresa multinegócios da qual sou CEO e que detém as marcas Deca, Portinari, Hydra, Duratex, Castelatto, Ceusa e Durafloor, a construção sustentável combina desempenho e durabilidade: em todo seu ciclo de vida, contribui positivamente para a saúde e o bem-estar das pessoas, tem uma pegada ambiental reduzida e oferece valor e qualidade superiores.

Na companhia, a sustentabilidade acontece desde o início, na produção dos painéis e pisos de madeira – chamados MDP e MDF -, que são a matéria-prima de portas, batentes, móveis, tanto vendidos em magazines quanto para móveis planejados de maior valor agregado, feitos de chapas revestidas e diferenciadas.


Por serem provenientes de áreas de florestas plantadas da Dexco, ou seja, fontes renováveis e livres de desmatamento de vegetação nativa, contribuem positivamente para as mudanças climáticas, já que são capazes de estocar por muitos anos o carbono naturalmente capturado pelas florestas durante toda sua vida útil.

E essa produção sustentável de madeira acontece desde quando a antiga Duratex surgiu, em 1951, já naquela época se comprometendo com a sustentabilidade. Não à toa, é considerada referência no setor pela expertise na conservação de florestas, sendo a primeira empresa da América do Sul e a quinta no mundo a obter a certificação FSC® (Forest Stewardship Council®) para Manejo Florestal – demonstrando que suas atividades são ambientalmente adequadas, socialmente benéficas e economicamente viáveis.

Em 2021, com o lançamento da nova marca Dexco, a companhia também passou a olhar de forma ainda mais profunda para o “melhor viver”, para as pessoas e para o desenvolvimento de produtos e processos mais sustentáveis, que atendem às demandas do mercado. Entre eles, soluções que permitem a otimização do uso de recursos naturais, que economizam água, energia elétrica, entre outros recursos naturais. 

Alguns exemplos de produtos eco eficientes são: a tecnologia Deca Comfort, que reduz o consumo de água com uma vazão padronizada, em até 60% com relação a produtos tradicionais. O Sistema Hydra Duo, que possibilita utilizar a descarga do vaso sanitário de acordo com a necessidade – parcial ou total – por meio do botão duplo para liberar fluxos distintos de água, gerando uma economia de até 60% de volume de água. E também os chuveiros eletrônicos e digitais com tecnologias que permitem a economia de energia elétrica, em até 91 %. Com eles, o consumidor consegue ajustar a potência do chuveiro de acordo com a temperatura desejada a cada banho, possibilitando a economia de energia. Em um chuveiro tradicional elétrico, existem somente opções de ajustes de temperatura como verão | outono | inverno, acabando por desperdiçar energia elétrica para a obtenção da temperatura de banho. 

Tudo isso porque a empresa entende que as moradias e as construções irão passar por uma série de transformações rumo a uma economia descarbonizada e é função dos agentes do setor contribuir para a criação de novos modelos construtivos e de ambientes mais sustentáveis ​​e habitáveis ​​que apóiem a transição para um futuro de baixo carbono, com menores níveis de emissões de gases do efeito estufa.

Os investimentos da Dexco, pelo seu fundo de Corporate Venture Capital (CVC) – o DX Ventures – em empresas e iniciativas de aceleração que buscam mudar o paradigma construtivo, servem de exemplo para o setor. Desde 2021, a companhia investiu R$ 45 milhões em empresas especializadas na produção de madeira engenheirada a partir de matéria-prima de reflorestamento (Urbem) e na Noah Wood Building Design, que desenvolve edificações utilizando a madeira engenheirada, consumindo menos energia na produção e gerando baixa quantidade de resíduos. 

Os resultados mais recentes dessas parcerias são o novo McDonald’s da Avenida Paulista, que tem capacidade de armazenar 136 toneladas de dióxido de carbono que seria emitido na atmosfera, e um edifício todo construído em madeira, na Vila Madalena, em São Paulo. A construção tem isolamento acústico e térmico, reaproveitamento de águas pluviais, infraestrutura para sistema de aquecimento solar, carregador para carros elétricos, além de gerador para as áreas comuns e privativas, e louças e metais criados para garantir menor uso de água.

O modelo construtivo modular industrializado offsite é uma outra aposta da Dexco. A companhia aportou R$ 74 milhões na Brasil ao Cubo, uma construtech especializada em soluções construtivas ágeis, que produz estruturas metálicas e as utiliza prontas para montagem no canteiro de obra, com toda a parte elétrica, hidráulica e demais acabamentos já instalados. Atualmente, atua nos segmentos comercial, industrial, residencial, corporativo e saúde, com mais de 200 obras entregues em 14 Estados.

Sem dúvida, já é um caminho de evolução e, a meu ver, o melhor ainda está por vir. Espero que os próximos anos continuem sendo pautados por sustentabilidade e inovação e que o setor como um todo possa seguir expandindo sua capacidade de desenvolver produtos mais amigáveis ao meio ambiente, evoluindo dentro de padrões de desenvolvimento sustentável. *Antonio Joaquim de Oliveira é CEO da Dexco, presidente do conselho deliberativo da Ibá (Indústria Brasileira de Árvores), membro do conselho de administração da ABC da Construção e membro do conselho de administração da Brasil ao Cubo.

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